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Lucas Cândido Processa Ponte Preta: Entenda a Dívida do Campeão da Série C

Por Redação FutPonte em 29/11/2025 10:11

Ação Judicial: O Campeão da Série C Contra a Macaca

A Ponte Preta, recém-coroada campeã da Série C do Campeonato Brasileiro, enfrenta agora um revés fora dos gramados. O volante Lucas Cândido, peça fundamental na conquista inédita, protocolou uma ação judicial contra o clube. O ex-jogador da Macaca, que defendeu a equipe em 2025, busca o recebimento de valores que somam impressionantes R$ 709 mil, referentes a pendências contratuais e outros direitos.

A demanda judicial, apresentada em 25 de novembro no Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, detalha uma série de cobranças. Entre as reivindicações, destacam-se salários atrasados ? tanto os registrados em carteira de trabalho (CLT) quanto os referentes a direitos de imagem ?, a ausência de recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), premiações não quitadas, indenização por danos morais e verbas rescisórias.

Em declaração concedida ao ge, Cândido explicitou a gravidade da situação. "Desde que eu assinei, em janeiro, a Ponte não pagou FGTS. Falam que é normal não pagarem lá. Faltam três meses de salário CLT (carteira de trabalho) e cinco de imagem. Quando você tira nota para o direito de imagem, precisa pagar o imposto da nota, eles falaram que pagariam, e eu tiver de pagar essa nota com meu dinheiro de emergência. Se ligarem para fazer acordo, estou disposto, mas ninguém me ligou", revelou o volante, demonstrando uma tentativa de diálogo anterior à medida legal.

Questionada sobre o processo, a assessoria de imprensa da Ponte Preta optou por não emitir posicionamento oficial sobre o assunto.

Lucas Cândido Processa Ponte Preta: Entenda a Dívida do Campeão da Série C
Foto: (Marcos Ribolli)

Desabafos e a Realidade dos Atrasos Salariais

A insatisfação de Lucas Cândido não é recente. Durante a fase decisiva da campanha da Série C, o jogador já havia exposto publicamente as dificuldades financeiras que o elenco enfrentava. Após uma vitória crucial por 1 a 0 sobre o Brusque, na segunda rodada do quadrangular final, o volante revelou que os atletas estavam com cem dias de salários em atraso, lançando luz sobre os desafios superados em campo.

Naquela ocasião, Cândido expressou seu espanto com a situação. "Eu nunca tinha passado por algo assim: 100 dias sem receber. Nunca fiquei tanto tempo sem receber. No Vitória, a cada dois meses, pagavam um. Demos várias chances para quitarem os pagamentos: uma, duas... na terceira, eu já nem acreditava mais e nem tinha mais esperança em receber. Por onde passei, sempre fui justo com presidente, técnico, diretor, mas agora não foram comigo. Mesmo assim, honramos a camisa da Ponte."

A frase que se tornou emblemática, proferida pelo atleta, ecoa a dura realidade enfrentada por muitos profissionais do futebol quando os compromissos financeiros não são honrados.

A gente falava que, infelizmente, não tem como ir ao supermercado e pagar com medalha ou honra à camisa. Medalha não paga conta. Tem que pagar conta com dinheiro.
Ainda sobre as promessas não cumpridas, o volante ressalta que sequer as medalhas da conquista foram entregues. A cerimônia de premiação foi frustrada pela invasão de campo da torcida após o apito final da vitória por 2 a 0 sobre o Londrina, em 25 de outubro. Mais de um mês depois, Lucas Cândido não recebeu o reconhecimento simbólico pelo título nacional inédito na história do clube, muito menos os valores financeiros prometidos pela diretoria.

Histórico de Pendências e a Quebra de Confiança

Os problemas financeiros na Ponte Preta , segundo Cândido, não são uma novidade, mas se agravaram. O volante relembra uma passagem anterior pelo clube, em 2021, onde vivenciou uma situação similar, embora menos severa. "Eu já tinha passado pela Ponte em 2021, e foi uma situação parecida: acabou o Paulista, e os atrasos começaram. Mas a situação não foi tão grave. Ficavam 60 dias e pagavam um mês. Ainda assim era errado. Eu sabia da realidade, mas não coloquei na Justiça em 2021. Ficaram dois meses devendo CLT, imagem, FGTS."

Em 2025, o cenário inicial parecia mais promissor. "Em 2025 começou bem, pagando em dia. Terminou o Paulista, e aí tudo mudou. Quando assinei desta vez, fui de coração aberto. Sabia que seria difícil financeiramente, mas fui surpreendido. Um mês e meio de atraso, tudo bem. Mas nunca houve conversa sobre aceitar trabalhar 60 dias para receber um mês. Se fosse assim, ninguém aceitaria. O Eberlin (presidente do clube) deixava claro que, por causa das ações bloqueadas, não tinha como pagar. Tivemos conversas mais duras, mas sem desrespeito. Somos funcionários do clube e respeitamos a diretoria."

Após a final da Série C contra o Londrina, Cândido relata ter tentado contato com a diretoria do clube por diversas vezes para negociar as pendências, sem sucesso. A ausência de resposta o levou a acionar a Justiça como último recurso para garantir seus direitos.

"Eu tentei falar umas oito vezes, mas não me atenderam. Tentei que para que não houvesse nenhuma ação contra a Ponte. Quanto mais ações, mais prejudica o nome e a imagem do clube. Não sei o que pensam. Seria simples me ligarem, por exemplo: 'Lucas, estamos te devendo tanto. Você aceita tantas parcelas de tanto?' Eu toparia. Deixar bem claro para a torcida que não quis sacanear. A gente tenta fazer bem feito, mas não tem uma resposta muito verdadeira. Fizemos o trabalho ? acesso e título ? ficamos para a história, mas até hoje não recebi nada. O que chegou para mim é que eu só receberia acionando a Ponte na Justiça. Isso não existe. É pior para o clube assim. A Ponte vai precisar contratar para 2026, e os jogadores falam entre si."

Trajetória e Futuro: O Impacto na Carreira e na Imagem do Clube

Sem vínculo contratual com a Ponte Preta desde 31 de outubro, Lucas Cândido encontra-se livre no mercado, avaliando propostas para a próxima temporada. Aos 31 anos, o volante tem uma carreira marcada por passagens importantes, como sua formação no Atlético-MG, onde atuou entre 2011 e 2019. Ele chegou a ser relacionado na Libertadores de 2013, vencida pelo Galo, e foi titular como lateral-esquerdo no Mundial de Clubes daquele mesmo ano.

Apesar do talento, sua trajetória foi impactada por três graves lesões nos joelhos: rupturas dos ligamentos do joelho esquerdo em 2014 e 2017, e do direito em 2015. Antes de retornar ao Majestoso, Cândido teve duas passagens pelo Vitória e experiências no futebol internacional, defendendo o Al Dhafra, dos Emirados Árabes Unidos, e o Foolad, do Irã.

Em 2025, o jogador disputou 27 partidas pela Ponte, marcando um gol na vitória por 1 a 0 sobre o Maringá, fora de casa, na primeira fase da Série C. Atualmente, ele considera opções tanto no exterior, onde já atuou por três anos, quanto no cenário nacional. "Alguns clubes ligaram, tem opções para o exterior. Fiquei nos Emirados por dois anos, e Irã por um ano e pouco. Fui bem lá, então tem essa abertura. A procura maior no momento está para o exterior, mas espero jogar a Série B, tem uma visibilidade maior. Vou aguardar um pouco, a Série B acabou de acabar." A situação de Lucas Cândido serve como um alerta sobre a necessidade de rigor e transparência na gestão financeira dos clubes, impactando não apenas a vida dos atletas, mas a própria reputação da instituição no mercado do futebol.

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